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Cinco Horizontes

Porque é importante não ter só um

Cinco Horizontes

Dos julgamentos

Passamos todos os nossos dias a julgar. A avaliar. A tecer considerações, verbalmente ou só para nós, sobre os atos ou as opções dos outros. Acho que é algo inato ao ser humano, com que crescemos e com que vivemos. Existe sempre tendência para observarmos as situações que se nos deparam no dia-a-dia e avaliarmo-las de acordo com as nossas crenças e experiências pessoais, o que nos leva a, muitas vezes, tirarmos conclusões, do alto da nossa sapiência, sobre a forma como as outras pessoas escolhem levar a sua vida. 

O tempo vai-nos tornando mais tolerantes e mais abertos ao que vamos vendo, vai-nos ensinando a perceber que o limite entre o certo e o errado é muito ténue, que o normal não existe, que não devemos atirar pedras de imediato sem ter conhecimento de todos os factos. Eu reconheço este defeito em mim, esta rapidez de julgamento, a facilidade com que defino o que está certo e o que está errado, as situações em que muitas vezes tiro conclusões de forma algo irracional para mais tarde perceber que afinal estava errada. A chamada aprendizagem constante, acho.

Com a utilização massiva da internet, esta rapidez de julgamento e avaliação tornou-se ainda mais feroz e por vezes ridícula. Contra mim falo, porque também o faço, mas as pessoas são cada vez mais rápidas a emitir juízos de valor sobre situações que desconhecem, baseando-se apenas em supostas notícias que muitas vezes não têm nenhum fundo de verdade. 

Lembrei-me de falar sobre isto por causa do cantor Robin Thicke, que decidiu (ou alguém decidiu por ele) fazer uma iniciativa no Twitter para que as pessoas lhe colocassem perguntas. Face à leitura polémica da letra da música "Blurred Lines" e do suposto adultério do cantor gerou-se um movimento de perguntas irónicas e mordazes (algumas delas muito engraçadas) relacionadas com estes temas e acredito que, por esta altura, Robin Thicke já esteja muito arrependido desta ideia. Ele até pode ser o maior adúltero e cretino do mundo, mas quem sou eu para atirar pedras se a única forma que tenho de saber quem ele é e o que ele fez são letras de músicas e notícias de tablóides?

Outro caso recente: a infeliz morte da Peaches Geldof. Como há uns anos ela tinha dado uma entrevista a dizer que fazia dieta com sumos detox, um tablóide inglês de reputação duvidosa pegou nisso e fez uma "notícia" dizendo que estas dietas são perigosas e que isso teria tido impacto na sua saúde, sendo a causa da morte. Sites portugueses de notícias não demoraram a pegar nesta especulação ridícula e comecei a ver logo por todo o lado pessoas a dizerem mal dos sumos detox e a basicamente acreditarem, sem questionar, no que acabaram de ler. Mais tarde, veio-se a saber que a rapariga morreu de overdose de heroína.

Portanto, a conclusão é: não devemos ser tão rápidos a julgar, devemos ser mais tolerantes, devemos questionar, devemos investigar. Devemos ser pessoas melhores.

A arte de saber não responder

Trolls, há-os aos pontapés na Internet. Mas na vida real também. A melhor atitude é quase sempre ignorá-los.

 

Apesar de ainda continuar a tentar implementar esta regra a 100%, estou bem melhor do que há uns anos. Já me arrependi várias vezes de ter respondido ou dado importância a certos comentários, mas quando ignorei essa sensação de arrependimento nunca surgiu. Há coisas que merecem resposta e adorava ser daquelas pessoas que conseguem responder sem ofensas, dizendo o que querem de forma incisiva e não arrogante. Mas para mim isso é só pôr mais lenha na fogueira e troll que é troll quer ficar sempre com a última palavra. Existe a hipótese de se gerar uma troca de comentários interminável, desgastante e que não leva a lado nenhum.

 

Por estes dias, o que vou fazendo é escrever a resposta que enviaria a quente, e não a enviar. Releio-a umas horas depois e normalmente percebo que não vale a pena e apago. Li esta dica num artigo sobre trolls internáuticos (não me lembro qual) e percebi que é ótimo para descarregar a "raiva" sem arrependimentos posteriores. Portanto, é deixar os cães ladrar enquanto a caravana passa.